A GRANDE RECUSA: UM GESTO DE CORAGEM
Giorgio Agamben é um dos filósofos mais lidos da atualidade, seus principais temas são política, estética e teologia. Em O mistério do mal: Bento XVI e o fim dos tempos o italiano aborda a renúncia do Papa alemão em seu contexto eclesial e teológico, mas também ético-político.
Agamben trata da crise da modernidade e do desgaste dos conceitos de legitimidade e legalidade. A decisão tomada por Bento XVI, em 11 de fevereiro de 2013, é vista como “a grande recusa”. Ao comparar com o gesto de Celestino V, último papa a renunciar ao trono de Pedro em 1294, o filósofo destaca a coragem do Papa Bento em ir de encontro à uma Cúria corrupta. O livro indica que a decisão de Ratzinger foi premeditada com grande antecedência, ao lembrar que em 28 de abril de 2009, Bento deposita o pálio recebido na missa inaugural de seu pontificado em Áquila, no túmulo de Celestino.
O título e subtítulo indicam as duas partes do livro. A primeira trata do contexto da renúncia de Bento XVI. Já a segunda parte é um ensaio teológico sobre o “mistério do mal”, baseado na preocupação da Igreja ao longo dos séculos com o fim dos tempos. Ao leitor desatento, as duas partes parecem não se interligarem, no entanto como explica o próprio autor em sua “Advertência” no início da obra, as duas partes interpretam o significado político da preocupação com o fim da existência.
O livro traz ainda em “Apêndice” os textos completos da renúncia de Celestino V e Bento XVI, além de trechos de Santo Agostinho e Ticônio teólogo do início da Era Cristã.
FICHA TÉCNICA
Título: O mistério do mal: Bento XVI e o fim dos tempos
Título Original do Italiano: Il misterio del male. Benedetto XVI e la finne del tempi
Autor: Giorgio Agamben
Tradutoras: Silvana de Gaspari e Patricia Peterle
Editoras: Boitempo Editorial e UFSC
Ano: 2015 (edição digital)
Páginas: 72